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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Quando os nossos antepassados, há milhões de anos - sofrendo a chuva, o frio, o sol, o vento e o perigo dos bichos selvagens - descobriram que numa caverna eles estariam protegidos, eles inventaram a casa. Acontece que cavernas são raras. Não existem em qualquer lugar. Sem cavernas, com chuva, frio, sol, vento e bichos ferozes, a inteligência dos homens começou a funcionar. É sempre assim. A inteligência funciona quando o corpo padece. E eles começaram a pensar em como construir uma coisa que desse a proteção que uma caverna dava. E foi assim que as casas foram inventadas. Toda casa é uma caverna construída pelos homens, melhorada e enfeitada. Também os nossos antepassados enfeitavam suas cavernas com pinturas. A segurança não basta para fazer os homens felizes. Eles querem a beleza. (Vocês já visitaram uma caverna? Vocês poderiam pedir aos seus pais que, para variar, não fossem para as praias apinhadas nas próximas férias. Seria legal visitar uma caverna... Existe até um esporte que consiste em explorar cavernas.)

Foi assim que essa casa de pau-a-pique onde morei quando criança foi inventada. Era uma casa boa. Protegia da chuva, do frio, do calor do sol, das cobras, cães selvagens e onças... Sim, havia onças... Era tão boa que estou aqui, vivo. Aquela casa me protegeu. E porque eu estou vivo, vocês estão vivas. Se eu tivesse morrido vocês não existiriam, porque seus pais - meus filhos - não teriam nascido...

Aquela era a casa melhor e mais bonita que eu conhecia. As outras eram as choupanas dos caboclos, de chão batido e sem pintura nas paredes. Na minha casa quando chovia havia muitas goteiras. Chovia dentro de casa. O jeito era por bacias, baldes e panelas no lugar onde a água pingava. Era até gostoso dormir ouvindo o ping – ping das goteiras. A água caia direto das telhas porque a casa não tinha forro. Olhando para cima eu via as telhas e os paus redondos do telhado. Via também os ratos que passeavam pelas madeiras durante a noite. Havia também gretas nas portas e janelas por onde, no inverno, entrava um vento frio Mas, como eu já disse, eu não conhecia casas melhores. Eu achava que as casas eram assim. E eu não me sentia pobre e nem sofria. Aquela era a minha casa, enfeitada com roseiras, dálias no jardim, e malva perfumada em latinhas de massa de tomate.

Minha casa era assim (seu pai, sua mãe ou professora podem ajudar você a fazer uma planta): a porta da frente dava para uma salinha de entrada. Era a sala onde as visitas se assentavam para conversar. Tinha três cadeiras, um banco de madeira e um baú. Três quartos com uma cama com colchão de palha de milho e um armário. E uma cozinha grande com uma mesa de madeira, dois bancos compridos, um guarda-comida, e um fogão de lenha.. Guarda-comida era um armário com porta de tela fina onde se guardava a comida, pois geladeiras não havia. O fogão de lenha ficava sempre aceso, com um bule de café na chapa quente. A porta da frente era a única que tinha fechadura. As outras portas e as janelas eram fechadas com trancas e tramelas. Na porta de entrada havia um buraquinho por onde passava um barbante amarrado ao trinco. Qualquer pessoa que chegasse podia puxar o barbante, abrir o trinco, entrar na casa e ir tomar café na cozinha. Naquele tempo não existia medo de ladrões e malfeitores. Todo mundo era amigo. O medo só existia à noite... De noite era escuro lá fora, as sombras davam medo e havia barulhos estranhos. Os cães latiam. Galos com pesadelo cantavam fora de hora. As noites eram misteriosas. De noite era preciso que a casa estivesse bem fechada por causa dos lobisomens e mulas sem cabeça que saiam dos seus esconderijos, juntos com os bichos e assombrações. Hoje não há mais. As luzes e a televisão fizeram com que eles se mudassem para longe. Hoje as noites não têm mistérios.

Os nossos antepassados que viviam nas cavernas descobriram que uma caverna com uma fogueira dentro é uma casa melhor. Fogo é melhoria: dá luz, calor, espanta o medo, espanta os bichos. E, por acidente, eu acho, eles descobriram que com o fogo se pode fazer comida. A história da humanidade está ligada ao domínio do fogo. (Vejam o filme “A guerra do fogo“ – é divertido e instrutivo.)

Hoje é fácil acender o fogão: gira-se um botão para o gás sair, aperta-se outro botão para produzir uma faisca, e o fogo está aceso. Naquele tempo era complicado fazer fogo. Exigia um longo preparo e uma arte delicada. Primeiro, era preciso catar lenha no mato. Ainda hoje, nas regiões mais pobres do Brasil, a gente pode ver as mulheres levando feixes de lenha equilibrados miraculosamente em suas cabeças. Era preciso ter achas grossas de lenha, para o fogo que fica queimando, e gravetos pequenos, para o foguinho inicial de curta duração, necessário para se acender as achas grossas. A arte começava na forma de trançar paus grossos com os gravetos. Fósforos já havia. A gente risca os fósforos sem pensar. Paus de fósforo deveriam ser objeto de estudo, nas escolas. Já pensei mesmo em oferecer um curso sobre a história do pau de fósforo, história que começa quando um ancestral nosso pegou, pela primeira vez, um pau que um raio incendiara. Num pau de fósforo está resumida a luta dos homens, através dos milênios, para dominar o fogo. Objeto técnico incrível. É esfregar a cabeça dele numa superfície áspera e ele acende. Os paus já estão trançados no fogão. Não havia álcool para ajudar. Não havia jornais para queimar. Capim seco, sim. Tudo arranjado do jeito certo, encosta-se o fósforo aceso no capim. E o milagre acontece: o fogo. Quando o fogo é aceso anuncia-se a comida: o café, o biscoito, o bolo de fubá, o feijão, o frango ensopado. Ainda hoje eu fico comovido quando, viajando pelo interior, vejo a fumaça saindo da chaminé das casas dos pobres. Casa de rico não tem chaminé. Fogão de lenha aceso anuncia que existe vida naquela casa. Fogão de rico não faz fumaça. Por isso é que comida feita em fogão de lenha é mais gostosa.

Mas, e os pobres que não têm caixa de fósforo? Aí está um segredo: depois de acabado o fogo, as brasas podem ser guardadas, debaixo da cinza. É preciso que sejam cobertas de cinza. Caso contrário apagam. Você olha para o fogão, tudo apagado – e não sabe que é só mexer na cinza com um pau para que as brasas vermelhas apareçam. Aí, as brasas, colocadas debaixo dos gravetos e do capim – é só soprar. Não precisa fósforo: o sopro acende as brasas. E o milagre acontece. Brasas debaixo das cinzas: essa imagem é usada como metáfora (se você não sabe o que é metáfora pergunte ao pai, mãe, professora) para algo que acontece com a gente. Tivemos um grande amor que nos fez sofrer. O tempo passou. Agora tudo parece esquecido. Não está. Está como as brasas debaixo das cinzas: basta um sopro para que o fogo se acenda e a paixão volte... Fernando Pessoa tem um verso em que ele fala de um “anjo que com suas asas soprou as brasas de ignoto lar...“

Mas, e se as brasas se apagarem? O jeito é pedir fogo emprestado para uma vizinha. “- A senhora me empresta um pau de lenha aceso?“ “Claro! Pode levar!“ Com o pau de lenha aceso na mão ela saía correndo para que ele chegasse aceso à sua casa. Tinha de correr para que o fogo não se apagasse. Quem pede fogo emprestado não tem tempo para conversa fiada. Daí um ditado que se diz a quem chegou e saiu, rapidinho: “Veio buscar fogo?“

Numa cidade onde morei depois de grande, Lavras do Funil, havia uma “Rua do Fogo“. Acho que ainda tem. Nunca entendi a razão desse nome. Aí meu irmão Ismael me explicou: nos tempos antigos, muito antigos, fósforo era objeto de luxo. Não se encontrava fácil. Alguém, então, teve uma idéia brilhante: vender fogo. Assim, naquela casa havia fogo aceso sempre, dia e noite. Se faltasse fogo na casa de alguém era só ir até a “Rua do Fogo“ e comprar fogo.

Fazer uma fogueirinha é coisa gostosa. É por isso que os pais gostam de fazer churrasco. Eles se sentem voltando às suas origens, às cavernas, onde o churrasco apareceu, por acidente, quando um pedaço de carne crua caiu no braseiro enquanto nossos antepassados dormiam. Quando acordaram, ficaram bravos: carne queimada. Como não tinham nada mais para comer, comeram a carne queimada mesmo. E perceberam que ela era gostosa. Não existe culinária mais primitiva que o churrasco...

O fogo é a rápida oxidação de um material combustível liberando calor, luz e produtos de reação, tais como o dióxido de carbono e a água.[1] O fogo é uma mistura de gases a altas temperaturas, formada em reação exotérmica de oxidação, que emite radiação eletromagnética nas faixas do infravermelho e visível. Desse modo, o fogo pode ser entendido como uma entidade gasosa emissora de radiação e decorrente da combustão. Se bastante quente, os gases podem se tornar ionizados para produzir plasma.[2] Dependendo das substâncias presentes e de quaisquer impurezas, a cor da chama e a intensidade do fogo podem variar. O fogo em sua forma mais comum pode resultar em incêndio, que tem o potencial de causar dano físico através da quei

Fundamentos químico e físico

Chamamos de fogo o resultado de um processo termoquímico muito exotérmico de oxidação. Geralmente, um composto químico orgânico como o papel, a madeira, os plásticos, os gases de hidrocarbonetos, gasolina e outros, susceptíveis a oxidação, em contato com uma substância redução|oxidante (oxigênio da atmosfera , por exemplo) necessitam de uma energia de ativação, também conhecida como temperatura de ignição. Esta energia para inflamar o combustível pode ser fornecida através de uma faisca ou de uma chama. Iniciada a reação de oxidação, também denominada de combustão ou queima, o calor desprendido pela reação mantém o processo em marcha.

Os produtos da combustão (principalmente vapor de água e dióxido de carbono), em altas temperaturas pelo calor desprendido pela reação química, emitem luz visível. O resultado é uma mistura de gases incandescentes emitindo energia, denominado chama ou fogo.

Influência histórica

Animação de um nativo do Vanuatu esfregando um pedaço de madeira contra outro para acender o fogo.

O fogo foi a maior conquista do ser humano na pré-história. A partir desta conquista o homem aprendeu a utilizar a força do fogo em seu proveito, extraindo a energia dos materiais da natureza ou moldando a natureza em seu benefício. O fogo serviu como proteção aos primeiros hominídeos, afastando os predadores. Depois, o fogo começou a ser empregado na caça, usando tochas rudimentares para assustar a presa, encurralando-a. Foram inventados vários tipos de tochas, utilizando diversas madeiras e vários óleos vegetais e animais. No inverno e em épocas gélidas, o fogo protegeu o ser humano do frio mortal. O ser humano pré-histórico também aprendeu a cozinhar os alimentos em fogueiras, tornando-os mais saborosos e saudáveis, pois o calor matava as muitas bactérias existentes na carne.

O fogo também foi o maior responsável pela sobrevivência do ser humano e pelo grau de desenvolvimento da humanidade, apesar de que, durante muitos períodos da história, o fogo foi usado no desenvolvimento e criação de armas e como força destrutiva.

Na antiguidade o fogo era visto como uma das partes fundamentais que formariam a matéria. Na Idade Média, os alquimistas acreditavam que o fogo tinha propriedades de transformação da matéria alterando determinadas propriedades químicas das substâncias, como a transformação de um minério sem valor em ouro.